Golpistas impedem regresso de Zelaya<br>e reprimem protestos
O povo hondurenho continua os protestos contra o golpe que derrubou o presidente legitimamente eleito em 2005. O governo golpista responde com repressão e procura, junto dos EUA, quebrar o isolamento a que foi votado pelos estados e instituições internacionais.
«A responsabilidade sobre tudo isto recai sobre as potências»
Já na segunda-feira à noite, um dia depois de ter sido impedido pelas forças armadas hondurenhas e pelo caudilho golpista de aterrar no aeroporto da capital, Tegucigalpa, Manuel Zelaya reiterou que «ninguém deve obediência ao governo usurpador que assume o poder pela força e pelas armas», isto é, qualificou o governo de terrorista.
Na conferência de imprensa em Manágua, na Nicarágua, onde se encontra exilado depois de ter sido deposto, a 28 de Junho, Zelaya disse ainda que todas as decisões do executivo liderado por Roberto Micheletti «são nulas e constituem um crime de traição».
As palavras do presidente hondurenho são certeiras em face dos mais recentes desenvolvimentos sobre a crise na nação centro-americana.
Por um lado, Zelaya procura manter o repúdio e a deslegitimação internacional que se abateu sobre a oligarquia golpista e a cúpula das forças armadas. Neste aspecto, a declaração é tão mais pertinente quanto se sabe que Micheletti enviou a Washington uma comitiva com o intuito de lançar as bases de uma negociação com a «comunidade internacional», mais propriamente com a Organização de Estados Americanos (OEA) com o beneplácido dos EUA.
«Apoiamos a tentativa da secretária de Estado Hillary Clinton para fazer avançar o diálogo nesta situação», revelou Micheletti, deixando claro que a Casa Branca é o elemento facilitador do diálogo e olha para a situação nas Honduras com simpatia. Micheletti deixou mesmo recados a Clinton a respeito da reunião que a responsável da diplomacia norte-americana terá, posteriormente, com Zelaya. «Espero que a secretária de Estado Clinton confirme a Zelaya que a democracia e a segurança são tão importantes para os Estados Unidos como para nós», acrescentou Micheletti citado pela Lusa. Zelaya «deve prestar contas pela sua inconstitucionalidade e outras acções ilegais», aduziu.
O simples facto de Hillary Clinton se disponibilizar a dialogar com uma delegação de um governo golpista já traduz uma posição. Em linha, diga-se, com a prudência calculista com que Washington tem abordado a questão.
O tempo como aliado
Em relação à posição assumida pelos EUA, o tempo parece ser um dos aliados para impor um diálogo entre um presidente eleito pelo povo, apoiado por este em grandes acções de massas que se desenrolam ininterruptamente, pese a férrea repressão, e defendido por estados soberanos e instituições internacionais; e um grupo que levou a cabo um golpe de Estado que nos traz à memória as intentonas militares das décadas de 70 e 80 na América Latina, promovidas pelos EUA de acordo com os respectivos interesses, e que hoje como ontem são fundamentalmente os mesmos: perpetuar o domínio do imperialismo numa região que Washington continua a considerar o seu «quintal das traseiras», fundamental no processo de acumulação de capital, quer por via da extorsão dos recursos existentes, quer por via do escoamento da sua produção. Alguns dados ilustram esta linha de orientação.
Os EUA cortaram alguma da ajuda financeira destinada às Honduras, mas mantiveram os «programas de ajuda humanitária» e de «promoção da democracia» para «não afectarem a população civil», decisão consistente com a política de sempre quando os golpes lhes são favoráveis, mas inconsistente com o tratamento dado a outros países e povos que ao longo dos anos sofreram (e sofrem) boicotes criminosos e lidaram com as suas consequências pelo simples facto de ousarem pôr em cheque os interesses do imperialismo norte-americano.
Para além disso, no mesmo dia em que Zelaya tentava aterrar na capital do país do qual é presidente, um alto funcionário da Casa Branca, citado sobre reserva de anonimato, divulgou junto da comunicação social a informação de que o executivo golpista estaria disposto a negociar uma solução para a crise política, mas, sublinhou, o diálogo excluiria à partida a possibilidade de reassunção de funções por parte de Zelaya.
Acto contínuo, domingo, o rosto visível do golpe, Roberto Micheletti, manifestou-se disponível para «harmonizar posições com os restantes países» porque, continuou, «não podemos continuar isolados», disse em entrevista no palácio presidencial.
Já depois disso, o ministro das Relações Exteriores do chamado governo de facto, Enrique Ortez, confirmou à Reuters, que o regresso de Zelaya está fora de questão, e o presidente do Supremo Tribunal das Honduras enviou uma carta à OEA propondo o estabelecimento de uma mesa de diálogo baseada na boa-fé com o objectivo de pôr cobro ao impasse. É com base nesta missiva que Hillary Clinton receberá a delegação do governo golpista das Honduras. Tudo isto ocorreu ainda depois de o presidente da OEA, José Miguel Insulza, ter reunido com os golpistas, sexta-feira, em Tegucigalpa.
Acresce, finalmente, que para além de se reservarem a um silêncio mais prolongado que noutras situações de crise política interna num Estado soberano e a uma reserva táctica definidora desde o assalto ao poder, os EUA foram os primeiros a aplaudir o adiamento do regresso de Zelaya, logo que este decidiu, quarta-feira da semana passada, não regressar quinta-feira, dia 2, como havia dito nas primeiras horas após o golpe de Estado nas Honduras.
O povo é quem mais ordena
Por outro lado, as palavras de Zelaya traduzem uma grande confiança na consciência política e na iniciativa do povo hondurenho em defesa da democracia, o qual, diga-se, tem respondido com bravura aos repetidos apelos de Zelaya e das forças progressistas hondurenhas para que não cessem as manifestações e a resistência pacífica.
Ao longo de toda a semana, a esmagadora maioria da população tem-se mantido em estado de insurreição no território, pese a violenta repressão, as perseguições a líderes e activistas populares, o garrote informativo e os obstáculos à acção dos jornalistas sérios que não pactuam com o golpe.
Quando Zelaya anunciou que tentaria regressar ao país no domingo, logo centenas de milhares de pessoas começaram a afluir ao Aeroporto Internacional de Toncontin. 24 horas antes – e embora os acessos tenham sido obstaculizados por barreiras do exército visando impedir que milhares de populares vindos de outras cidades e das zonas rurais se juntassem na capital –, já Tegucigalpa era um mar de gente marchando contra o golpe e em defesa do presidente.
Ao início da tarde de domingo, pelo menos 200 mil lograram chegar junto do aeroporto, e ali resistiram à investida das autoridades, que usaram granadas de gás lacrimogéneo e dispararam tiros, não conseguindo, apesar de tudo, dispersar a multidão. Pelo menos duas pessoas morreram alegadamente na sequência de disparos de atiradores furtivos do exército. Até as agências internacionais confirmaram a permanência no local de franco-atiradores e helicópteros que procuravam intimidar o povo. O mesmo povo que continua os protestos e afirma que continuará, ao arrepio do poder golpista e das diligências diplomáticas do imperialismo, cujo único objectivo é usar as Honduras para começar a reverter a seu favor as pedras do tabuleiro político latino-americano.
Relato de uma viagem atribulada
No sábado, a Organização dos Estados Americanos decidiu suspender as Honduras da sua estrutura, invocando para tal o artigo 21 da Carta Democrática Interamericana, na qual se permite a suspensão de qualquer membro que desrespeite a ordem democrática. Da cimeira extraordinária da OEA, realizada em Washington, partiram duas delegações: no avião de matrícula venezuelana seguia Manuel Zelaya e o presidente da Assembleia das Nações Unidas, Miguel D`Escoto. A aeronave tentou aterrar no aeroporto da capital hondurenha, mas os militares colocaram obstáculos na pista, ameaçaram ordenar à Força Aérea que derrubasse a aeronave e não cederam aos pedidos de Zelaya para que o deixassem regressar ao país. O avião ainda fez duas tentativas de aproximação à pista, mas sem resultado. Ao telefone com a Telesur – cadeia de televisão multiestatal que acompanhou a par e passo toda a viagem - presidente das Honduras lembrou que a partir de agora, «a responsabilidade sobre tudo isto recai sobre as potências, sobretudo sobre os EUA», os quais, acrescentou, «devem tomar medidas imediatas».
Em face da acção dos militares fiéis ao golpe, o avião que transportava Zelaya foi obrigado a aterrar na Nicarágua.
Na outra delegação seguiam o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai). O avião de Cristina Kirchner terá sido igualmente impedido de aterrar em Tegucigalpa dirigindo-se então a El Salvador.
Depois da recusa do governo golpista em permitir a entrada do presidente legítimo do país, o presidente das assembleias gerais da ONU e OEA, e os chefes de Estado de El Salvador, Mauricio Funes, Argentina, Paraguai, e Equador, mais o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Nicolás Maduro e a sua homóloga das Honduras, Patricia Rodas, reuniram-se em San Salvador donde, junto com Zelaya, reiteraram que continuaram a fazer todos os esforços para que as Honduras cumpram a Carta Democrática Interamericana.
O anfitrião, Mauricio Funes, sublinhou que «os presidentes democraticamente eleitos não podem permitir uma ruptura constitucional nos respectivos países porque isso significaria um regresso ao passado [na América Latina]». No mesmo sentido, Critina Kirchener destacou que o apoio em torno de Zelaya «é a última garantia para a vigência dos direitos humanos e do direito internacional, que tão maltratados foram durante todo o século XX, maus-tratos que, acrescentou, pensámos que estavam superados». Kirchener disse ainda que contar o que sucede nas Honduras não é defender o presidente Zelaya, mas defender todos e cada um de nós» luta, disse ainda, «que não faz parte do passado, mas do presente, e na qual se devem envolver todos os cidadãos».
Na mesma conferência de imprensa, Manuel Zelaya lembrou a repressão que se abate sobre o povo hondurenho e qualificou a violência das forças de segurança fiéis aos golpistas junto do aeroporto internacional e na capital do país como «actos que não podem ficar impunes».
Na conferência de imprensa em Manágua, na Nicarágua, onde se encontra exilado depois de ter sido deposto, a 28 de Junho, Zelaya disse ainda que todas as decisões do executivo liderado por Roberto Micheletti «são nulas e constituem um crime de traição».
As palavras do presidente hondurenho são certeiras em face dos mais recentes desenvolvimentos sobre a crise na nação centro-americana.
Por um lado, Zelaya procura manter o repúdio e a deslegitimação internacional que se abateu sobre a oligarquia golpista e a cúpula das forças armadas. Neste aspecto, a declaração é tão mais pertinente quanto se sabe que Micheletti enviou a Washington uma comitiva com o intuito de lançar as bases de uma negociação com a «comunidade internacional», mais propriamente com a Organização de Estados Americanos (OEA) com o beneplácido dos EUA.
«Apoiamos a tentativa da secretária de Estado Hillary Clinton para fazer avançar o diálogo nesta situação», revelou Micheletti, deixando claro que a Casa Branca é o elemento facilitador do diálogo e olha para a situação nas Honduras com simpatia. Micheletti deixou mesmo recados a Clinton a respeito da reunião que a responsável da diplomacia norte-americana terá, posteriormente, com Zelaya. «Espero que a secretária de Estado Clinton confirme a Zelaya que a democracia e a segurança são tão importantes para os Estados Unidos como para nós», acrescentou Micheletti citado pela Lusa. Zelaya «deve prestar contas pela sua inconstitucionalidade e outras acções ilegais», aduziu.
O simples facto de Hillary Clinton se disponibilizar a dialogar com uma delegação de um governo golpista já traduz uma posição. Em linha, diga-se, com a prudência calculista com que Washington tem abordado a questão.
O tempo como aliado
Em relação à posição assumida pelos EUA, o tempo parece ser um dos aliados para impor um diálogo entre um presidente eleito pelo povo, apoiado por este em grandes acções de massas que se desenrolam ininterruptamente, pese a férrea repressão, e defendido por estados soberanos e instituições internacionais; e um grupo que levou a cabo um golpe de Estado que nos traz à memória as intentonas militares das décadas de 70 e 80 na América Latina, promovidas pelos EUA de acordo com os respectivos interesses, e que hoje como ontem são fundamentalmente os mesmos: perpetuar o domínio do imperialismo numa região que Washington continua a considerar o seu «quintal das traseiras», fundamental no processo de acumulação de capital, quer por via da extorsão dos recursos existentes, quer por via do escoamento da sua produção. Alguns dados ilustram esta linha de orientação.
Os EUA cortaram alguma da ajuda financeira destinada às Honduras, mas mantiveram os «programas de ajuda humanitária» e de «promoção da democracia» para «não afectarem a população civil», decisão consistente com a política de sempre quando os golpes lhes são favoráveis, mas inconsistente com o tratamento dado a outros países e povos que ao longo dos anos sofreram (e sofrem) boicotes criminosos e lidaram com as suas consequências pelo simples facto de ousarem pôr em cheque os interesses do imperialismo norte-americano.
Para além disso, no mesmo dia em que Zelaya tentava aterrar na capital do país do qual é presidente, um alto funcionário da Casa Branca, citado sobre reserva de anonimato, divulgou junto da comunicação social a informação de que o executivo golpista estaria disposto a negociar uma solução para a crise política, mas, sublinhou, o diálogo excluiria à partida a possibilidade de reassunção de funções por parte de Zelaya.
Acto contínuo, domingo, o rosto visível do golpe, Roberto Micheletti, manifestou-se disponível para «harmonizar posições com os restantes países» porque, continuou, «não podemos continuar isolados», disse em entrevista no palácio presidencial.
Já depois disso, o ministro das Relações Exteriores do chamado governo de facto, Enrique Ortez, confirmou à Reuters, que o regresso de Zelaya está fora de questão, e o presidente do Supremo Tribunal das Honduras enviou uma carta à OEA propondo o estabelecimento de uma mesa de diálogo baseada na boa-fé com o objectivo de pôr cobro ao impasse. É com base nesta missiva que Hillary Clinton receberá a delegação do governo golpista das Honduras. Tudo isto ocorreu ainda depois de o presidente da OEA, José Miguel Insulza, ter reunido com os golpistas, sexta-feira, em Tegucigalpa.
Acresce, finalmente, que para além de se reservarem a um silêncio mais prolongado que noutras situações de crise política interna num Estado soberano e a uma reserva táctica definidora desde o assalto ao poder, os EUA foram os primeiros a aplaudir o adiamento do regresso de Zelaya, logo que este decidiu, quarta-feira da semana passada, não regressar quinta-feira, dia 2, como havia dito nas primeiras horas após o golpe de Estado nas Honduras.
O povo é quem mais ordena
Por outro lado, as palavras de Zelaya traduzem uma grande confiança na consciência política e na iniciativa do povo hondurenho em defesa da democracia, o qual, diga-se, tem respondido com bravura aos repetidos apelos de Zelaya e das forças progressistas hondurenhas para que não cessem as manifestações e a resistência pacífica.
Ao longo de toda a semana, a esmagadora maioria da população tem-se mantido em estado de insurreição no território, pese a violenta repressão, as perseguições a líderes e activistas populares, o garrote informativo e os obstáculos à acção dos jornalistas sérios que não pactuam com o golpe.
Quando Zelaya anunciou que tentaria regressar ao país no domingo, logo centenas de milhares de pessoas começaram a afluir ao Aeroporto Internacional de Toncontin. 24 horas antes – e embora os acessos tenham sido obstaculizados por barreiras do exército visando impedir que milhares de populares vindos de outras cidades e das zonas rurais se juntassem na capital –, já Tegucigalpa era um mar de gente marchando contra o golpe e em defesa do presidente.
Ao início da tarde de domingo, pelo menos 200 mil lograram chegar junto do aeroporto, e ali resistiram à investida das autoridades, que usaram granadas de gás lacrimogéneo e dispararam tiros, não conseguindo, apesar de tudo, dispersar a multidão. Pelo menos duas pessoas morreram alegadamente na sequência de disparos de atiradores furtivos do exército. Até as agências internacionais confirmaram a permanência no local de franco-atiradores e helicópteros que procuravam intimidar o povo. O mesmo povo que continua os protestos e afirma que continuará, ao arrepio do poder golpista e das diligências diplomáticas do imperialismo, cujo único objectivo é usar as Honduras para começar a reverter a seu favor as pedras do tabuleiro político latino-americano.
Relato de uma viagem atribulada
No sábado, a Organização dos Estados Americanos decidiu suspender as Honduras da sua estrutura, invocando para tal o artigo 21 da Carta Democrática Interamericana, na qual se permite a suspensão de qualquer membro que desrespeite a ordem democrática. Da cimeira extraordinária da OEA, realizada em Washington, partiram duas delegações: no avião de matrícula venezuelana seguia Manuel Zelaya e o presidente da Assembleia das Nações Unidas, Miguel D`Escoto. A aeronave tentou aterrar no aeroporto da capital hondurenha, mas os militares colocaram obstáculos na pista, ameaçaram ordenar à Força Aérea que derrubasse a aeronave e não cederam aos pedidos de Zelaya para que o deixassem regressar ao país. O avião ainda fez duas tentativas de aproximação à pista, mas sem resultado. Ao telefone com a Telesur – cadeia de televisão multiestatal que acompanhou a par e passo toda a viagem - presidente das Honduras lembrou que a partir de agora, «a responsabilidade sobre tudo isto recai sobre as potências, sobretudo sobre os EUA», os quais, acrescentou, «devem tomar medidas imediatas».
Em face da acção dos militares fiéis ao golpe, o avião que transportava Zelaya foi obrigado a aterrar na Nicarágua.
Na outra delegação seguiam o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai). O avião de Cristina Kirchner terá sido igualmente impedido de aterrar em Tegucigalpa dirigindo-se então a El Salvador.
Depois da recusa do governo golpista em permitir a entrada do presidente legítimo do país, o presidente das assembleias gerais da ONU e OEA, e os chefes de Estado de El Salvador, Mauricio Funes, Argentina, Paraguai, e Equador, mais o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Nicolás Maduro e a sua homóloga das Honduras, Patricia Rodas, reuniram-se em San Salvador donde, junto com Zelaya, reiteraram que continuaram a fazer todos os esforços para que as Honduras cumpram a Carta Democrática Interamericana.
O anfitrião, Mauricio Funes, sublinhou que «os presidentes democraticamente eleitos não podem permitir uma ruptura constitucional nos respectivos países porque isso significaria um regresso ao passado [na América Latina]». No mesmo sentido, Critina Kirchener destacou que o apoio em torno de Zelaya «é a última garantia para a vigência dos direitos humanos e do direito internacional, que tão maltratados foram durante todo o século XX, maus-tratos que, acrescentou, pensámos que estavam superados». Kirchener disse ainda que contar o que sucede nas Honduras não é defender o presidente Zelaya, mas defender todos e cada um de nós» luta, disse ainda, «que não faz parte do passado, mas do presente, e na qual se devem envolver todos os cidadãos».
Na mesma conferência de imprensa, Manuel Zelaya lembrou a repressão que se abate sobre o povo hondurenho e qualificou a violência das forças de segurança fiéis aos golpistas junto do aeroporto internacional e na capital do país como «actos que não podem ficar impunes».